O vinho e a atividade física

O consumo regular e moderado de vinho é, sim, benéfico à saúde. Mas um estudo científico canadense, sobre o assunto, foi bem mal interpretado, segundo o próprio pesquisador. Entenda mais sobre o assunto.

Sabe aquele ditado “quando a esmola é muita, o santo desconfia”? Pois bem. Nada pode ser mais apropriado, nesse caso.

Desde 2012, circulam notícias a respeito de um estudo acadêmico indicando que o consumo de uma taça de vinho equivale a meia, ou a uma hora de atividade física.

Contudo, a pesquisa em questão, realizada por cientistas da Universidade de Alberta, no Canadá, não conclui isso, não. Tanto é que, em 2015, percebendo que a pesquisa havia sido mal interpretada, e que a cobertura da mídia internacional, sobre os resultados, havia sido equivocada, a equipe da Faculdade de Medicina e Odontologia da Universidade de Alberta publicou, em seu site, um texto entitulado “Se você ouviu que uma taça de vinho é uma desculpa para não comparecer à academia, reconsidere...

 Afinal, o que exatamente diz o estudo, então?

Os pesquisadores concluíram que o resveratrol, antioxidante encontrado em algumas frutas, nozes e também no vinho tinto, tem efeitos benéficos sobre a função do coração e dos músculos voluntários, similar aos efeitos da prática de exercícios de resistência aeróbica.

Segundo o estudo, combinar suplementação de resveratrol com treinamento físico aumenta os efeitos benéficos do exercício.

Como chegou-se a essa conclusão? Porque durante um programa de treinamento de resistência aeróbica de 12 semanas, ratos cuja dieta incluía resveratrol tiveram sua resistência aumentada. E o aumento da resistência dos ratos foi associado ao aumento da força dos músculos voluntários, da função cardíaca e do metabolismo oxidativo (respiração celular).

Ou seja, o resveratrol, segundo a conclusão desse estudo, potencializa o desempenho obtido por uma atividade física. Ou seja, ninguém falou em taça de vinho equivaler à ginástica, certo?

Inclusive, o título do artigo publicado no periódico “The Journal of Physiology”, em 31/12/2012, era, traduzindo para o português, “Aumentos da força do músculo esquelético e da função cardíaca, induzidos pelo resveratrol durante a prática de exercícios, potencializam o rendimento do exercício em ratos”.

Para desfazer toda essa confusão, um dos autores do estudo, o Dr. Jason Dick ressaltou: “Eu acho que o resveratrol poderia ajudar pacientes que querem se exercitar mas possuem alguma limitação física. Para eles, o resveratrol poderia simular atividade física, ou potencializar os benefícios da quantidade restrita de exercício que esses pacientes são capazes de realizar”.

E, para reforçar que o estudo não prega a substituição do exercício físico pelo consumo de vinho, ele ainda acrescentou: “Se você estiver bebendo vinho tinto para consumir resveratrol [na quantidade que equivaleria ao exercício físico], você teria que beber alguma coisa entre 100 e 1.000 garrafas por dia”.

 Mas por que houve esse engano de interpretação?

Principalmente devido a um fenômeno que as crianças conhecem bem, por meio da brincadeira de “telefone sem fio”, na qual a mensagem recebida ao final nem sempre corresponde àquela que foi inicialmente emitida.

Assim, a versão equivocada, ou distorcida, sobre o resultado da pesquisa, acabou se perpetuando. Isso não teria acontecido se a referência para a grande mídia, salvo exceções, tivesse sido o artigo acadêmico publicado, em vez da “notícia da notícia”.

Na dúvida sempre vale, mesmo, lembrar: Quando a esmola é muita...




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